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Creatina Monohidratada: O suplemento nutricional mais estudado

Pesquisas intensas revelam os benefícios da creatina muito além do desenvolvimento muscular.

Publicado 15/10/2021 | Atualizado 03/06/2025
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Creatina Monohidratada: O suplemento nutricional mais estudado

O que é Creatina Monohidratada?

A creatina monohidratada é um dos suplementos mais utilizados e profundamente estudados no mundo da nutrição esportiva e da saúde em geral. Quimicamente classificada como uma amina, a creatina é um composto derivado de três aminoácidos: glicina, arginina e metionina. O corpo humano é capaz de sintetizá-la endogenamente, principalmente nos rins, fígado e pâncreas, e ela é subsequentemente secretada na corrente sanguínea para alcançar os tecidos-alvo, com destaque para os músculos esqueléticos e o cérebro, locais onde é armazenada.

Apesar de ser naturalmente produzida, a quantidade endógena (aproximadamente 1 g por dia) frequentemente não é suficiente para atender às demandas metabólicas aumentadas, especialmente em indivíduos que realizam exercícios físicos intensos ou em certas condições fisiológicas. Nesses cenários, a suplementação exógena de creatina torna-se uma estratégia eficaz para aumentar os estoques intramusculares e cerebrais de fosfocreatina, otimizando o desempenho físico, favorecendo o ganho de massa muscular e, como pesquisas recentes sugerem, impactando positivamente a função cognitiva e o humor.

A creatina monohidratada, a forma mais comum e pesquisada, é um pó branco, insípido e inodoro, que pode ser facilmente solubilizado em água, sucos, shakes ou outras bebidas, facilitando sua incorporação à rotina diária.

Para que serve a Creatina?

A função primordial da creatina no organismo é atuar como um componente chave no sistema energético ATP-CP (trifosfato de adenosina - creatina fosfato), fornecendo energia rápida para as células durante atividades de alta intensidade e curta duração. Isso inclui exercícios como levantamento de peso, sprints, saltos e outros esportes que exigem explosão muscular.

Ela age aumentando os estoques de fosfocreatina (PCr) nos músculos. Durante a contração muscular intensa, o ATP é rapidamente hidrolisado em ADP (difosfato de adenosina) e fosfato inorgânico (Pi) para liberar energia. A fosfocreatina doa seu grupo fosfato ao ADP, regenerando rapidamente o ATP. Com maiores reservas de PCr e, consequentemente, maior capacidade de regeneração de ATP, os músculos podem sustentar um trabalho de alta intensidade por mais tempo, resultando em maior volume e intensidade de treino, o que se traduz em maior estímulo para a hipertrofia muscular e melhora significativa da performance atlética.

Além de seu papel energético, a creatina é uma substância osmoticamente ativa. Sua acumulação no interior das células musculares atrai água, promovendo a hidratação celular. Esse estado de hidratação celular não apenas contribui para o volume muscular (um efeito estético desejado por muitos), mas também pode criar um ambiente anabólico mais favorável, facilitando a entrada de nutrientes e a síntese proteica. Além disso, a creatina auxilia na recuperação muscular pós-exercício, ajuda a reduzir a fadiga percebida, contribui para a preservação da massa muscular em períodos de restrição calórica e, como exploraremos adiante, demonstra benefícios promissores para as funções cerebrais e neurológicas.

Histórico da Pesquisa sobre Creatina

Os benefícios da suplementação de creatina foram descobertos pela primeira vez na década de 1970 pelo professor Roger Harris da Universidade de Aberystwyth, no País de Gales. Desde então, a creatina se estabeleceu firmemente no mundo esportivo, com uma vasta literatura científica respaldando seus efeitos positivos na função física e desempenho atlético. De fato, em mais de 500 estudos conduzidos sobre os benefícios da creatina para performance, aproximadamente 70% demonstraram melhorias significativas, e nenhum observou efeitos prejudiciais quando utilizada conforme as recomendações.

Nas últimas duas décadas, no entanto, o foco da pesquisa se expandiu significativamente para além dos benefícios físicos tradicionais. Cientistas começaram a investigar um leque muito mais amplo de aplicações potenciais, desde a função cognitiva e saúde mental até o tratamento de condições crônicas e doenças neurodegenerativas. Esta evolução na pesquisa tem revelado que a creatina é muito mais do que apenas um suplemento para ganho muscular – é uma molécula com implicações importantes para a saúde humana em múltiplos sistemas.

Benefícios da Creatina Monohidratada: Além da Força Muscular

A suplementação de creatina oferece inúmeros benefícios comprovados por uma vasta literatura científica, impactando positivamente tanto atletas de alto rendimento quanto indivíduos que buscam melhorar sua saúde geral e qualidade de vida:

Desempenho Físico

  • Aumento da força muscular: Melhora a capacidade de gerar força máxima e submáxima.
  • Potência e Explosão: Aumenta a capacidade de realizar esforços de alta intensidade e curta duração.
  • Hipertrofia muscular: Contribui diretamente para o ganho de massa magra através de múltiplos mecanismos, incluindo aumento da capacidade de treino e hidratação celular.
  • Melhora no desempenho atlético: Particularmente evidente em modalidades que dependem do sistema ATP-CP (ex: musculação, sprints, saltos).
  • Recuperação muscular acelerada: Reduz o dano muscular induzido pelo exercício e o tempo de recuperação entre as sessões de treino.
  • Benefícios para eventos de resistência com variações de intensidade: Pesquisas recentes, como a revisão de Forbes et al. (2023), indicam que a creatina pode melhorar significativamente o desempenho em atividades que exigem múltiplos picos de intensidade e sprints durante ou após exercícios de resistência, o que é particularmente útil para atletas de esportes coletivos e eventos com mudanças de ritmo.

Saúde Muscular e Metabólica

  • Proteção contra a perda muscular (sarcopenia): Especialmente relevante para idosos, ajudando a combater a perda de massa e função muscular relacionada à idade, e também útil para indivíduos em dietas hipocalóricas ou períodos de imobilização.
  • Auxílio no controle glicêmico: Algumas pesquisas indicam que a creatina pode melhorar a sensibilidade à insulina e o transporte de glicose para dentro das células musculares.

Função Cerebral e Cognitiva

  • Melhora da memória (especialmente de curto prazo e trabalho) e função executiva (planejamento, raciocínio).
  • Redução da fadiga mental, aumentando a resistência em tarefas cognitivamente exigentes.
  • Potencial neuroprotetor, com pesquisas explorando seu papel em doenças neurodegenerativas.
  • Mais detalhes em Benefícios Neurológicos e Cognitivos da Creatina: Energia para o Cérebro.

Benefícios Emergentes e Outras Aplicações

  • Saúde Mental: Estudos preliminares sugerem que a suplementação de creatina, possivelmente ao otimizar a bioenergética cerebral e influenciar neurotransmissores, pode auxiliar na melhora de sintomas depressivos, especialmente quando combinada com outras terapias. Um estudo particularmente interessante demonstrou que pessoas com depressão que receberam creatina junto com terapia cognitivo-comportamental (TCC) apresentaram melhora mais significativa dos sintomas ao longo de oito semanas, em comparação com aqueles que fizeram apenas TCC. Segundo Douglas Kalman, professor associado clínico da Universidade Nova Southeastern na Flórida, "uma razão pela qual a creatina pode ajudar pessoas com depressão é que ela é usada em um grau significativo para produção e uso de energia no cérebro". Ele explica que níveis baixos de creatina afetam não apenas a produção energética cerebral, mas também os níveis de neurotransmissores – sinais químicos essenciais para a comunicação entre células nervosas – o que, por sua vez, pode impactar diretamente o humor.
  • Recuperação de Condições Crônicas e Fadiga Pós-Viral: Pesquisas iniciais mostram resultados promissores em diversas condições, incluindo síndromes de fadiga pós-viral. Em 2023, o professor Sergej Ostojic e colegas da Universidade de Novi Sad, Sérvia, conduziram um estudo com 19 pacientes com Covid Longa, administrando 4 g de creatina diários para metade dos participantes durante seis meses. Os resultados mostraram melhora significativa em sintomas como névoa cerebral e dificuldades de concentração no grupo que recebeu creatina. Interessantemente, quanto mais grave era a condição inicial do paciente, maior parecia ser o benefício da suplementação. Outro estudo de 2024 (Slankamenac et al.) demonstrou que a suplementação de creatina-glicose por 8 semanas aliviou significativamente os sintomas de fadiga pós-viral, com melhorias substanciais observadas já nos primeiros três meses de tratamento. O mecanismo proposto envolve o suporte à função mitocondrial comprometida, frequentemente observada em síndromes pós-virais.
  • Potencial Antioxidante: A creatina pode exercer efeitos protetores contra o estresse oxidativo celular, ajudando o organismo a resistir melhor aos efeitos de diversos estressores fisiológicos. Este efeito antioxidante pode explicar, em parte, alguns dos benefícios observados em condições caracterizadas por estresse oxidativo elevado, como doenças neurodegenerativas, fadiga crônica e recuperação pós-exercício intenso.
  • Redução do Risco de Câncer: Um estudo observacional de larga escala envolvendo 25 mil pessoas encontrou uma associação entre maior ingestão de creatina na dieta e menor risco de certos tipos de câncer em adultos com mais de 52 anos. Especificamente, cada 0,09 g adicional de creatina na dieta (média de dois dias) estava associada a uma redução de 14% no risco de câncer. Além disso, estudos em modelos animais têm demonstrado que a creatina pode ajudar a interromper a progressão de certos tipos de tumores, possivelmente através da modulação do metabolismo energético das células cancerígenas. É importante notar que associação não implica causalidade, e mais pesquisas são necessárias para confirmar estes efeitos e explorar o potencial da creatina como adjuvante em terapias oncológicas convencionais.
  • Menopausa: Pesquisas emergentes exploram o potencial da creatina para aliviar alguns sintomas associados à menopausa. Os benefícios potenciais incluem preservação da massa muscular durante a transição hormonal, suporte ao metabolismo energético em período de mudanças fisiológicas, possível redução da fadiga associada à menopausa e efeitos na manutenção da densidade óssea (estudos em andamento). A creatina pode representar uma abordagem complementar para melhorar a qualidade de vida durante este período de transição hormonal.

Benefícios para Grupos Especiais

Veganos e Vegetarianos

A descoberta dos benefícios da creatina para a saúde mental pode ser especialmente relevante para veganos, conforme destaca o professor Sergej Ostojic da Universidade de Agder, na Noruega. Algumas pesquisas indicam que este grupo pode estar em maior risco de depressão, e a creatina pode desempenhar um papel importante nesse contexto. Estudos demonstraram que veganos tendem a ter níveis significativamente mais baixos de creatina muscular em comparação com pessoas que seguem dietas onívoras, principalmente porque a creatina é encontrada naturalmente em alimentos de origem animal como carne e peixe.

Para veganos e vegetarianos, a suplementação de creatina pode representar uma estratégia particularmente valiosa para compensar a menor ingestão dietética deste composto, potencialmente contribuindo não apenas para o desempenho físico, mas também para a saúde mental e função cognitiva. Esta é uma área onde a suplementação pode ter um impacto ainda mais significativo do que na população geral, devido à ausência quase completa de fontes dietéticas naturais de creatina em dietas baseadas exclusivamente em plantas.

Gravidez e Desenvolvimento Fetal

Embora ainda em fase preliminar, pesquisas em modelos animais sugerem que a creatina pode ter um papel protetor durante a gravidez, especialmente em situações de hipóxia fetal (falta de oxigênio para o feto). Estudos em animais indicam que suplementos de creatina administrados às mães durante a gestação poderiam ajudar a proteger os bebês em desenvolvimento contra os efeitos prejudiciais da falta de oxigênio no útero, potencialmente reduzindo o risco de danos neurológicos associados a complicações obstétricas.

Os mecanismos propostos incluem a estabilização do metabolismo energético em condições de hipóxia, permitindo que as células fetais mantenham suas funções vitais mesmo com suprimento reduzido de oxigênio. Esta área de pesquisa é particularmente promissora para o desenvolvimento de estratégias preventivas em gestações de alto risco.

No entanto, é crucial enfatizar que atualmente não existem estudos clínicos controlados sobre os efeitos da suplementação de creatina em mulheres grávidas humanas. Por esse motivo, a suplementação de creatina durante a gravidez não é recomendada sem orientação médica específica. Este é um campo promissor que necessita de mais pesquisas antes que recomendações clínicas possam ser feitas.

Pessoas com Distrofia Muscular e Outras Miopatias

Indivíduos com condições que afetam a estrutura ou função muscular podem se beneficiar de doses potencialmente mais elevadas de creatina, sempre sob supervisão médica especializada. Pesquisas têm demonstrado que a suplementação pode ajudar a preservar a força e função muscular em certas miopatias, possivelmente retardando a progressão da doença e melhorando a qualidade de vida.

Pessoas sob Estresse Crônico

Como explica o professor Ostojic, "se você está estressado, precisa de mais creatina." O estresse crônico aumenta a demanda energética do organismo, particularmente do cérebro, e a suplementação pode ajudar a mitigar alguns dos efeitos negativos do estresse prolongado sobre a cognição e o humor. Esta aplicação é particularmente relevante no contexto atual, onde níveis elevados de estresse são prevalentes em diversas populações.

Benefícios da Creatina em Idosos: Combatendo a Sarcopenia e o Declínio Funcional

O envelhecimento está intimamente associado à sarcopenia – a perda progressiva de massa, força e função muscular – e frequentemente ao declínio cognitivo. A creatina emerge como um suplemento particularmente promissor para mitigar esses processos deletérios na população idosa. Conforme já destacado, ela atua diretamente no combate à perda muscular, favorecendo a preservação e até o ganho de massa magra, além de melhorar significativamente a força e a resistência física. Esses efeitos se traduzem em maior independência para as atividades da vida diária, menor risco de quedas e fraturas, e uma melhoria geral na qualidade de vida. A combinação da suplementação de creatina com um programa de exercícios de resistência parece ser a estratégia mais eficaz para otimizar esses ganhos funcionais em idosos.

Pesquisas recentes publicadas no Journal of Clinical Medicine indicam que a suplementação de creatina pode ajudar adultos mais velhos a manter a vitalidade muscular mesmo em idades avançadas. Os benefícios parecem ser mais pronunciados quando a suplementação é combinada com exercícios de resistência, criando um efeito sinérgico que potencializa os ganhos de força e massa muscular. Além disso, os efeitos cognitivos da creatina, particularmente na memória e função executiva, podem ser especialmente relevantes para esta população, potencialmente contribuindo para um envelhecimento mais saudável e independente.

Benefícios Neurológicos e Cognitivos da Creatina: Energia para o Cérebro

Assim como os músculos, o cérebro é um órgão metabolicamente muito ativo, com alta demanda energética. Ele depende crucialmente da creatina para a rápida regeneração de ATP, essencial para manter suas funções. Evidências científicas crescentes apontam para benefícios cognitivos significativos da suplementação:

  • Melhora da Memória e Aprendizagem: Estudos demonstram melhora na memória de trabalho e de curto prazo, funções cruciais para tarefas diárias, raciocínio e aprendizado. Uma revisão sistemática conduzida por Avgerinos et al. (2018) confirmou benefícios significativos para a memória de curto prazo em indivíduos saudáveis, com efeitos mais pronunciados em adultos mais velhos (66-76 anos).
  • Função Executiva: Observa-se aprimoramento em habilidades cognitivas superiores como planejamento, flexibilidade mental, resolução de problemas e tomada de decisão. Um estudo publicado na EFSA Journal (2024) identificou impactos positivos em domínios cognitivos específicos, incluindo atenção, controle inibitório e processamento executivo.
  • Redução da Fadiga Mental: A creatina parece aumentar a resistência do cérebro ao esforço mental prolongado, combatendo a sensação de cansaço em tarefas cognitivamente exigentes ou em situações de estresse agudo, como a privação de sono.
  • Neuroproteção: Pesquisas em modelos animais e alguns estudos em humanos sugerem um potencial papel protetor da creatina contra danos neuronais em doenças neurodegenerativas (como Alzheimer e Parkinson) e após lesões cerebrais traumáticas. Isso pode estar relacionado ao seu papel no metabolismo energético, na redução do estresse oxidativo e na modulação de neurotransmissores. A creatina também está envolvida na neurogênese – a formação de novos neurônios no cérebro – um processo fundamental para a plasticidade cerebral e a manutenção da saúde cognitiva.
  • Atenuação do Declínio Cognitivo Relacionado à Idade: A suplementação pode ajudar a preservar a função cerebral e retardar o declínio cognitivo associado ao envelhecimento. Uma meta-análise publicada em Nutrition Reviews (2023) por Prokopidis et al. demonstrou que a suplementação de creatina melhorou significativamente o desempenho da memória em indivíduos saudáveis, com efeitos mais pronunciados em adultos mais velhos.

Perspectiva Crítica: Embora os resultados sejam muito promissores, a pesquisa sobre os efeitos cognitivos da creatina ainda está em evolução e apresenta algumas limitações metodológicas. Uma revisão sistemática conduzida por Terry McMorris, professor emérito da Universidade de Chichester, analisou 15 estudos em 2024 e concluiu que as evidências atuais ainda não são suficientemente robustas para confirmar definitivamente os benefícios cognitivos da creatina.

Como a Creatina Age no Organismo?

Após a ingestão oral, a creatina é absorvida no intestino delgado e entra na corrente sanguínea. Através de transportadores específicos, ela é captada pelos tecidos que a utilizam, principalmente os músculos esqueléticos (que armazenam cerca de 95% da creatina corporal) e o cérebro. Dentro das células, a enzima creatina quinase (CK) catalisa a reação que adiciona um grupo fosfato de alta energia à creatina, formando a fosfocreatina (PCr). A PCr funciona como uma reserva imediata de energia.

Durante atividades de alta intensidade (exercício físico ou atividade neuronal intensa), a demanda por ATP aumenta drasticamente. O ATP é hidrolisado a ADP e Pi, liberando energia. A PCr doa rapidamente seu grupo fosfato ao ADP, regenerando o ATP através da ação da mesma enzima CK. Esse sistema ATP-PCr permite a manutenção da força e potência muscular (ou da atividade neuronal) por um curto período (segundos) antes que outros sistemas energéticos (glicólise e fosforilação oxidativa) assumam o protagonismo. A suplementação aumenta os estoques de PCr, ampliando a capacidade desse sistema de energia rápida.

Como explica Gordjinejad: "Se a demanda de energia das células for alta, então a fosfocreatina entra e age como um reservatório de energia". A creatina dietética ajuda a reabastecer essas reservas, garantindo que o sistema energético de emergência esteja sempre pronto para atender demandas súbitas de energia, seja nos músculos durante um sprint ou no cérebro durante uma tarefa cognitiva complexa.

Adicionalmente, como mencionado, o acúmulo de creatina e PCr no interior da célula aumenta a pressão osmótica, atraindo água e promovendo a hidratação celular (volumização). Esse fenômeno pode, por si só, estimular vias de sinalização relacionadas à síntese proteica e à redução da degradação proteica, contribuindo para a hipertrofia muscular.

Além desses mecanismos bem estabelecidos, pesquisas mais recentes sugerem que a creatina também pode exercer efeitos antioxidantes protetores, ajudando o organismo a resistir melhor aos efeitos de diversos estressores físicos e metabólicos. Esta propriedade pode explicar, em parte, alguns dos benefícios observados em condições como a Covid longa, onde o estresse oxidativo desempenha um papel importante na persistência dos sintomas.

Necessidades Individualizadas de Creatina

De acordo com o professor Sergej Ostojic, "A quantidade de creatina de que precisamos depende do nosso estilo de vida". Esta observação destaca um aspecto importante da suplementação de creatina que frequentemente é negligenciado: as necessidades podem variar significativamente entre indivíduos, dependendo de diversos fatores:

  • Nível de Atividade Física: "Se você é fisicamente ativo, precisa de mais creatina", afirma Ostojic. Atletas e pessoas que praticam exercícios intensos regularmente têm maior demanda por creatina devido ao maior turnover de ATP em seus músculos.
  • Estado de Saúde: "Se você está doente, precisa de mais creatina". Certas condições médicas podem aumentar a demanda metabólica por creatina, seja para recuperação tecidual, combate ao estresse oxidativo ou suporte energético.
  • Nível de Estresse: "Se você está estressado, precisa de mais creatina". O estresse físico e mental aumenta o consumo energético celular, potencialmente elevando a necessidade de creatina.
  • Massa Muscular: Indivíduos com maior massa muscular naturalmente têm maior capacidade de armazenamento e, potencialmente, maior benefício com doses mais elevadas.
  • Dieta: Como mencionado anteriormente, veganos e vegetarianos consomem menos creatina dietética e podem se beneficiar particularmente da suplementação.
  • Condições Médicas Específicas: Pessoas com certas condições, como distrofia muscular, podem necessitar de doses mais elevadas para obter benefícios terapêuticos.

Como Tomar Creatina Monohidratada?

A forma mais estudada e recomendada é a creatina monohidratada. Existem diferentes protocolos de suplementação, sendo os mais comuns:

  • Fase de Saturação (opcional): Consiste na ingestão de uma dose maior, tipicamente 20 g por dia (divididos em 4 doses de 5 g, espaçadas ao longo do dia), durante 5 a 7 dias. O objetivo é saturar rapidamente os estoques musculares de creatina. Embora acelere o processo de saturação, essa fase não é estritamente necessária para obter os benefícios a longo prazo e pode estar associada a maior incidência de desconforto gastrointestinal em alguns indivíduos.
  • Fase de Manutenção (ou Dose Única Diária): Após a fase de saturação (ou iniciando diretamente por ela, o que levará algumas semanas para atingir a saturação completa), a dose de manutenção padrão é de 3 a 5 g por dia. Esta dose demonstrou ser eficaz e segura para a maioria das pessoas na manutenção dos estoques elevados de creatina. Atletas em treinamento intenso: Podem se beneficiar de doses na faixa superior (5 g) ou até 10 g por dia em casos específicos, especialmente durante períodos de treinamento particularmente intenso ou competições. Pessoas com condições médicas específicas: Condições como distrofia muscular podem requerer doses personalizadas, sempre sob supervisão médica.
  • Momento da Ingestão: A creatina pode ser ingerida a qualquer hora do dia, pois seu efeito é crônico (depende da saturação muscular ao longo do tempo) e não agudo (imediato pré-treino). A consistência diária na ingestão é o fator mais crucial. Alguns estudos sugerem que tomar a creatina junto com uma refeição contendo carboidratos e/ou proteínas pode otimizar ligeiramente sua captação pelas células musculares devido ao pico de insulina, mas a diferença prática parece ser pequena se a ingestão diária for mantida.
  • Uso Contínuo vs. Ciclos: A grande maioria das evidências científicas suporta o uso contínuo da creatina, sem necessidade de realizar ciclos (períodos de uso seguidos por períodos de pausa). O uso contínuo é considerado seguro e mais eficaz para manter os níveis musculares saturados e os benefícios associados.

Efeitos Colaterais e Segurança da Creatina

A creatina monohidratada é um dos suplementos nutricionais com o perfil de segurança mais robusto e extensivamente estudado. Quando utilizada nas doses recomendadas (3 a 5 g / dia), é considerada extremamente segura para indivíduos saudáveis de diversas faixas etárias. Os efeitos colaterais relatados são geralmente raros, leves e transitórios:

  • Retenção Hídrica Intramuscular: Como explicado, a creatina atrai água para dentro das células musculares. Isso leva a um pequeno aumento no peso corporal total (principalmente água, não gordura) e contribui para o volume muscular. Este é um efeito fisiológico esperado e parte do mecanismo de ação, não sendo prejudicial.
  • Desconforto Gastrointestinal: Uma pequena porcentagem de usuários pode experimentar leve desconforto gástrico, náuseas ou diarreia, particularmente durante a fase de saturação (doses mais altas) ou se a creatina for ingerida com quantidade insuficiente de líquidos. Tomar com as refeições ou dividir a dose diária pode mitigar esse efeito.
  • Cãibras: A crença de que a creatina causa cãibras é um mito. As cãibras geralmente estão relacionadas à desidratação, fadiga muscular extrema ou desequilíbrios eletrolíticos, fatores que podem ocorrer em atletas independentemente da suplementação. Manter uma hidratação adequada é essencial durante a prática de exercícios, com ou sem creatina.

Mitos sobre Danos a Órgãos

  • Função Renal: Alegações de que a creatina prejudica os rins em indivíduos saudáveis são infundadas e foram refutadas por numerosos estudos de curto e longo prazo. A creatina é metabolizada em creatinina, que é excretada pelos rins. Um ligeiro aumento nos níveis de creatinina sérica pode ocorrer com a suplementação, mas isso reflete o aumento do pool de creatina/fosfocreatina, e não um dano renal. Uma revisão publicada na revista Nutrients (2023) por Longobardi et al. confirmou que, embora a suplementação de creatina possa aumentar a concentração sérica de creatinina em alguns indivíduos, isso não indica necessariamente disfunção renal. No entanto, é crucial que indivíduos com doença renal preexistente consultem seu médico antes de considerar o uso de creatina.
  • Função Hepática: Da mesma forma, não há evidências científicas que associem a suplementação de creatina a danos no fígado em pessoas saudáveis.

Mitos Comuns sobre a Creatina

Apesar da vasta pesquisa, alguns mitos persistem:

  • Causa queda de cabelo: Não existem evidências científicas robustas e conclusivas que comprovem uma relação causal direta entre a suplementação de creatina e a queda de cabelo (alopecia androgenética). A hipótese baseia-se em um único estudo pequeno que mostrou aumento de DHT (um metabólito da testosterona ligado à calvície), mas isso não foi consistentemente replicado e a relevância clínica é incerta.
  • Engorda (Aumento de Gordura Corporal): O ganho de peso inicial associado à creatina é primariamente devido à retenção de água dentro dos músculos, não ao acúmulo de gordura corporal. A longo prazo, a creatina pode auxiliar no ganho de massa muscular magra.
  • É um Esteroide Anabolizante: Esta é uma confusão grave e completamente incorreta. A creatina é um composto natural derivado de aminoácidos, encontrado em alimentos e produzido pelo corpo. Não possui estrutura química nem mecanismo de ação semelhantes aos esteroides anabolizantes androgênicos (hormônios sintéticos).
  • Causa Desidratação: Pelo contrário, a creatina aumenta a hidratação celular. No entanto, como o corpo retém mais água nos músculos, a necessidade geral de ingestão de líquidos pode aumentar ligeiramente, sendo importante manter uma boa hidratação geral.

Precauções Especiais e Recomendações

Embora segura para a maioria, algumas precauções são importantes:

  • Gravidez e Lactação: Devido à falta de estudos de segurança específicos em gestantes e lactantes humanas, a suplementação de creatina não é recomendada nestes períodos sem avaliação e recomendação explícita de um médico. Embora estudos em animais sugiram potenciais benefícios protetores para o feto em situações de hipóxia, esses dados não podem ser extrapolados diretamente para humanos.
  • Condições Médicas Preexistentes: Indivíduos com doenças renais, hepáticas ou outras condições médicas crônicas significativas devem obrigatoriamente consultar seu médico antes de iniciar a suplementação de creatina.
  • Qualidade do Suplemento: Opte por creatina monohidratada de marcas confiáveis, que garantam a pureza do produto (idealmente com selos de qualidade ou testadas por terceiros).
  • Hidratação: Mantenha uma ingestão adequada de líquidos ao longo do dia, especialmente se estiver praticando exercícios físicos.

Conclusão: Um Suplemento Versátil e Baseado em Evidências

A creatina monohidratada se destaca no vasto mercado de suplementos nutricionais por sua sólida base científica, perfil de segurança comprovado e notável versatilidade. Seus benefícios vão muito além do ganho de força e massa muscular no contexto esportivo, estendendo-se à saúde cognitiva, ao combate aos efeitos do envelhecimento, à potencial melhora da saúde mental e a outras aplicações emergentes que continuam a ser exploradas pela ciência.

Desde sua descoberta como suplemento ergogênico na década de 1970 pelo professor Roger Harris, a creatina tem sido objeto de extensa pesquisa científica, revelando um espectro cada vez mais amplo de aplicações potenciais. Os estudos mais recentes, como os conduzidos por Gordjinejad sobre privação de sono, por Ostojic sobre Covid Longa, e as investigações sobre seu papel na saúde mental, demonstram que ainda estamos descobrindo novas facetas deste versátil composto.

Seja você um atleta buscando otimizar o desempenho e a recuperação, um idoso procurando preservar a funcionalidade física e mental, ou simplesmente um indivíduo interessado em apoiar sua saúde geral e bem-estar, a creatina monohidratada representa uma ferramenta nutricional valiosa e eficaz.

No entanto, é fundamental reiterar a importância da individualização e da orientação profissional. Como enfatiza o professor Ostojic, as necessidades de creatina variam conforme o estilo de vida, nível de atividade física, estado de saúde e nível de estresse. Antes de iniciar a suplementação, havendo ou não condições de saúde preexistentes ou uso de outras medicações, consulte um médico ou nutricionista. Eles poderão avaliar suas necessidades específicas, determinar a dose adequada e garantir que o uso da creatina seja seguro e benéfico para você.

Referências

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